A Basílica Santuário

A Basílica Santuário de Nossa Senhora Nazaré, localizada na Praça Justo Chermont, é um dos principais símbolos religiosos de Belém do Pará e espaço central de devoção à Virgem. Esse templo guarda uma longa história que remonta ao princípio do século XVIII. Por volta de 1700, o caboclo Plácido José dos Santos construiu uma pequena ermida na antiga Estrada de Nazaré para, segundo a tradição, abrigar a imagem “original” da Virgem que teria encontrado. O humilde espaço do culto que daria origem ao Círio logo se converteu em lugar de peregrinação, sendo visitado até por Dom Bartolomeu do Pilar, o primeiro bispo do Pará.

Entre 1730 e 1774, foi construída uma nova ermida, onde foi celebrada a missa do primeiro Círio, em 8 de setembro de 1793. Foi também solenemente lançada a pedra fundamental da igreja de pedra e cal que substituiria a ermida. A construção do templo iniciou em setembro de 1825, sendo concluída em 1881. Na época, houve uma disputa por seu controle entre Dom Antônio Macedo Costa, bispo do Pará, e a irmandade de Nossa Senhora de Nazaré, que desejava mantê-lo sob sua guarda. Esse conflito ficou conhecido como A questão nazarena (1877-1880) e envolveu o interesse do bispo em submeter a irmandade e a própria festividade do Círio ao projeto de reforma religiosa chamado romanização, o qual buscava sintonizar a Igreja brasileira às diretrizes da Santa Sé.

Os efeitos da romanização estenderam-se pelo século XX, repercutindo tanto na decisão da construção da nova Basílica Santuário quanto no modelo arquitetônico adotado. Assim, ao chegar ao Pará em 1908, o padre italiano Luiz Zoia achou acanhada a igreja que servia como Matriz, sugerindo a ideia de levantar um novo templo, que teria por base a planta reduzida da Basílica de São Paulo extramuros em Roma. A tarefa de projetar a nova Matriz foi confiada aos arquitetos italianos Gino Coppedé e Giusepe Pedrasso. Sob as ordens do bispo Dom Santino Coutinho, a primeira pedra do templo foi colocada em 24 de outubro de 1909. Porém, coube ao padre Afonso Di Giorgio a missão de mandar ornamentar a igreja com mármores, esculturas, mosaicos italianos e vitrais franceses.

Para além de testemunho artístico, os vitrais e outros ornamentos da Basílica contam a história do caboclo Plácido e trazem todo o repertório mariano. O próprio frontão da igreja centraliza a imagem da Virgem tanto nos aspectos míticos como históricos das origens de Belém do Pará.