Arrastão do Círio

OArraial do Pavulagem é um grupo folclórico que anima as festas juninas de Belém há mais de três décadas fazendo um importante trabalho de educação cultural por meio de seu próprio Instituto. Misturando elementos da cultura amazônica em diversas linguagens artísticas, como a música, a dança e as artes cênicas, o grupo, que chega a reunir mais de 200 (duzentas) pessoas por ano, arrasta multidões em cortejos pelas ruas do centro de Belém, sendo uma das mais significativas referências culturais da cidade.

A partir do ano 2000, os cortejos – que fazem parte das ações educativas do Instituto através de oficinas, palestras, projetos de pesquisa e extensão – também passaram a ser realizados no segundo sábado do mês de outubro, integrados à Festividade do Círio de Nazaré. Tornou-se, assim, uma tradição que leva moradores e turistas a se divertir e homenagear a Santa, valorizando e divulgando a cultura amazônica, segundo um de seus fundadores, Junior Soares.

Conhecida como “Arrastão do Círio”, essa manifestação cultural se inicia com a concentração do “Batalhão da Estrela”, banda formada pelos percussionistas do grupo que tocam instrumentos típicos, como matracas, tambores e reco-reco, às margens da baía do Guajará à espera da imagem de Nossa Senhora, que chega ao centro da capital em um navio da Marinha, acompanhada por dezenas de embarcações que atravessam a cidade no chamado Círio das Águas. Após ser recebida com honras de Estado, a imagem peregrina é saudada com a música do Arraial do Pavulagem, que aguarda a Santa seguir na romaria dos motociclistas para, então, iniciar seu cortejo.

Sob um calor de mais de 30°C, os músicos e demais artistas seguem pelas ruas históricas de Belém arrastando uma multidão com seus chapéus de palha (espécie de fibra vegetal típica da região) decorados com longas fitas coloridas, sendo esta a principal identidade visual do grupo. Mas também é comum vermos os mascarados lembrando pierrots e aqueles que acompanham em pernas de pau numa referência aos artistas de circo, além de muitos personagens do imaginário amazônico. A população acompanha por todos os lados, muitas vezes ajudando a fazer o isolamento para proteger os brincantes e dando-lhes água para amenizar o calor. No centro de tudo, um grande barco de madeira e tantos outros menores, feitos de miriti, também decorando os chapéus e simbolizando, de forma lúdica, a continuidade do Círio das Águas.

Ao final do cortejo, a música instrumental cede lugar a um show do Arraial do Pavulagem com artistas convidados de diversos municípios da região, no qual também são feitas homenagens aos povos tradicionais da Amazônia. Algumas músicas são seguidas por coreografias e danças que aumentam a beleza da festa. A venda de bebidas e comidas típicas são outro atrativo. No meio da tarde, a programação termina para dar espaço à segunda maior procissão do Círio, que ocorre a noite, a Trasladação, até que no próximo ano venha mais um Arrastão do Círio!